É muito comum que as pessoas se refiram ao inchaço provocado por trauma como “luxação”. Entretanto, esse termo se refere ao deslocamento de uma articulação de sua posição natural, sem que haja quebra do osso – nesse caso, estaríamos falando de uma fratura. Uma luxação no pé, por exemplo, compreende o desencaixe das articulações do mediopé, antepé e retropé, estruturas importantes para a estabilização e sustentação do corpo.
Se você deseja entender um pouco mais sobre esse assunto e conhecer os possíveis caminhos para o tratamento e a prevenção da luxação, não deixe de ler até o final!
Uma articulação é o encontro entre dois ou mais ossos. O esqueleto humano é formado por uma série de ossos que, unidos, dão ao corpo sua forma característica. Mas para que possamos andar, correr e saltar, esses ossos são separados por cartilagens articulares que permitem a movimentação sem que os ossos se desestabilizem.
As articulações do pé são compostas por 26 ossos, que se dividem em três grupos: tarso (7 ossos), metatarso (5 ossos) e falanges (14 ossos). O encontro entre os ossos dessas estruturas formam quatro articulações:
Como vimos, uma luxação ocorre quando alguma das articulações listadas acima é deslocada de sua posição original – devido a uma pancada forte ou quedas, por exemplo. Entretanto, é possível que doenças primárias estejam envolvidas no desencaixe da articulação, como a artrite reumatóide.
A artrite é uma doença inflamatória que leva à degeneração progressiva dos tecidos que revestem as articulações. De acordo com um estudo publicado pela Revista Brasileira de Ortopedia, a artrite acomete o pé e o tornozelo em 90% dos casos – a metade está localizada no antepé (metatarsos e falanges).
A pesquisa mostra que a doença, quando localizada no antepé, está relacionada a uma sinovite crônica nas articulações metatarso falangeanas, resultando na perda da integridade dos ligamentos que sustentam essas estruturas. Com a instabilidade, ocorre a destruição da cartilagem articular e aumentam as chances de luxação no pé e outras deformidades características – como os dedos sobrepostos ou joanete, no caso do hálux (dedão).
A luxação (desencaixe articular completo) é mais fácil de identificar do que uma subluxação (desencaixe parcial da articulação), pois instala-se uma deformidade visível no local da lesão. Já a subluxação pode ser um pouco mais tímida, pois o deslocamento parcial pode não ser tão acentuado.
Se você passou por algum trauma ou entorse brusco recentemente, alguns sinais ajudam a perceber se estamos tratando de uma luxação do pé e procurar ajuda especializada, como:
Se no momento da lesão você perceber algum sinal de luxação no pé, procure um pronto socorro imediatamente para realizar a correção do alinhamento da articulação, pois a alteração anatômica pode provocar lesões nos músculos, tendões, vasos e ligamentos que perpassam a articulação.
O tratamento para luxação no pé vai depender da gravidade da lesão, condições do paciente e tipo de articulação afetada. Depois de avaliar esses aspectos, o profissional responsável poderá optar por um tratamento conservador, que é menos invasivo, ou cirúrgico. Em ambos os casos, o objetivo é recolocar a articulação no lugar, eliminar a dor e devolver a mobilidade ao paciente. Conheça abaixo algumas alternativas possíveis:
Como as luxações não envolvem fratura nos ossos, na maioria das vezes, é possível reposicionar a articulação deslocada com algumas manobras realizadas por um profissional de saúde. Dependendo da avaliação profissional, anestesias locais ou gerais podem ser utilizadas para aliviar a dor ou relaxar os músculos que envolvem a articulação afetada.
É importante destacar que essas manobras não devem ser realizadas em casa, pois os tecidos e vasos que revestem a articulação podem ser prejudicados, aumentando a gravidade do caso.
Como o pé é uma área que recebe impactos constantemente, depois de reposicionar a articulação afetada, o profissional responsável pode imobilizar o local com talas, tipóias ou gesso, para evitar a movimentação durante o processo de recuperação.
Geralmente, o alívio da dor é imediato depois de reposicionar a articulação – aquela sensação de tirar a dor “com a mão”. Mas, se o incômodo persistir, anti-inflamatórios, analgésicos e relaxantes musculares podem ser prescritos. Lembre-se de nunca se medicar sem a orientação de um profissional!
Quando não é possível tratar a luxação no pé recolocando a articulação no local adequado por meio da manipulação, o profissional responsável pode optar por realizar uma cirurgia de correção. Nesses casos, é possível que nervos, ligamentos, músculos, tendões e vasos tenham sido afetados.
As sessões de fisioterapia podem ser recomendadas depois da manipulação da articulação ou após a cirurgia de correção. Na maioria dos casos, essas sessões são essenciais para devolver a mobilidade completa e restaurar a amplitude de movimento.
Se a luxação no pé estiver relacionada a um problema primário, como a artrite reumatóide, será necessário tratar essa questão para que a lesão não volte a aparecer. Infelizmente, ainda não há cura para a doença usada como exemplo, mas há remédios e tratamentos disponíveis que ajudam a retardar a sua progressão e a melhorar a qualidade de vida do paciente.
Nesses casos, reduzir a pressão sobre os membros inferiores é essencial para proteger as articulações e evitar um novo deslocamento. Para isso, o profissional poderá recomendar o uso de órteses de posicionamento da pisada em neutro.
As palmilhas sob medida Pés Sem Dor são confeccionadas para redistribuir adequadamente as pressões plantares, retirando o excesso de carga sobre os ligamentos que sustentam as articulações dos membros inferiores. Elas possuem apoio no arco plantar e cunhas laterais que evitam desvios em valgo, aumentando a estabilidade e protegendo os tornozelos de torções que possam provocar o deslocamento da articulação.
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Não. Ao tentar recolocar a articulação deslocada no lugar por conta própria, é possível que os tecidos que envolvem o pé sejam lesionados, piorando a gravidade da lesão. O ideal, assim que perceber o problema, é procurar a ajuda de um profissional de saúde.
Sem o tratamento adequado, as complicações da luxação no pé podem piorar, aumentando as dores e as chances de perda de mobilidade da articulação lesionada.
Uma fratura caracteriza-se pelo interrompimento da continuidade do tecido ósseo, parcial ou total – ou seja, o osso está quebrado. Já no caso da luxação, o osso não foi afetado, mas a articulação encontra-se deslocada de seu local de origem.
https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/fratura-luxacao-tarsometatarsiana.pdf
https://www.scielo.br/j/rbort/a/z7QqhDG5sdrBmc9k8LqnjXK/?format=pdf&lang=pt
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/tecnico_orteses_proteses_livro_texto.pdf
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