Luxação no pé: o que é e como tratar

 em Dores, Tratar dores

É muito comum que as pessoas se refiram ao inchaço provocado por trauma como “luxação”. Entretanto, esse termo se refere ao deslocamento de uma articulação de sua posição natural, sem que haja quebra do osso – nesse caso, estaríamos falando de uma fratura. Uma luxação no pé, por exemplo, compreende o desencaixe das articulações do mediopé, antepé e retropé, estruturas importantes para a estabilização e sustentação do corpo.

Se você deseja entender um pouco mais sobre esse assunto e conhecer os possíveis caminhos para o tratamento e a prevenção da luxação, não deixe de ler até o final!

 

Articulações do pé: quais são?

Uma articulação é o encontro entre dois ou mais ossos. O esqueleto humano é formado por uma série de ossos que, unidos, dão ao corpo sua forma característica. Mas para que possamos andar, correr e saltar, esses ossos são separados por cartilagens articulares que permitem a movimentação sem que os ossos se desestabilizem.

As articulações do pé são compostas por 26 ossos, que se dividem em três grupos: tarso (7 ossos), metatarso (5 ossos) e falanges (14 ossos). O encontro entre os ossos dessas estruturas formam quatro articulações:

  • Intertarsais: são os encontros entre os ossos que compõem o tarso (tálus, calcâneo, navicular, cubóide e cuneiformes);
  • Tarsometatársicas: são as articulações entre os ossos do tarso e do metatarso (ossos longos localizados no antepé);
  • Metatarsofalangeanas: são os encontros entre as cabeças dos metatarsos e a base das falanges proximais;
  • Interfalangeanas: são as articulações formadas pelo encontro das falanges proximal, média e distal – com exceção do dedão, que é formado apenas por duas falanges (distal e proximal).

 

Quais são as causas da luxação no pé?

Como vimos, uma luxação ocorre quando alguma das articulações listadas acima é deslocada de sua posição original – devido a uma pancada forte ou quedas, por exemplo. Entretanto, é possível que doenças primárias estejam envolvidas no desencaixe da articulação, como a artrite reumatóide.

 

Como a artrite reumatóide influencia a luxação no pé?

A artrite é uma doença inflamatória que leva à degeneração progressiva dos tecidos que revestem as articulações. De acordo com um estudo publicado pela Revista Brasileira de Ortopedia, a artrite acomete o pé e o tornozelo em 90% dos casos – a metade está localizada no antepé (metatarsos e falanges).

A pesquisa mostra que a doença, quando localizada no antepé, está relacionada a uma sinovite crônica nas articulações metatarso falangeanas, resultando na perda da integridade dos ligamentos que sustentam essas estruturas. Com a instabilidade, ocorre a destruição da cartilagem articular e aumentam as chances de luxação no pé e outras deformidades características – como os dedos sobrepostos ou joanete, no caso do hálux (dedão).

 

Como identificar uma luxação no pé?

A luxação (desencaixe articular completo) é mais fácil de identificar do que uma subluxação (desencaixe parcial da articulação), pois instala-se uma deformidade visível no local da lesão. Já a subluxação pode ser um pouco mais tímida, pois o deslocamento parcial pode não ser tão acentuado.

Se você passou por algum trauma ou entorse brusco recentemente, alguns sinais ajudam a perceber se estamos tratando de uma luxação do pé e procurar ajuda especializada, como:

  • Dor intensa na articulação;
  • Perda de mobilidade no local;
  • Inchaço;
  • Deformidades acentuadas ou ligeiras no formato do pé;
  • Em alguns casos, hematomas.

 

Luxação no pé é grave?

Se no momento da lesão você perceber algum sinal de luxação no pé, procure um pronto socorro imediatamente para realizar a correção do alinhamento da articulação, pois a alteração anatômica pode provocar lesões nos músculos, tendões, vasos e ligamentos que perpassam a articulação.

 

Luxação no pé: tratamento e prevenção

Tratamento

O tratamento para luxação no pé vai depender da gravidade da lesão, condições do paciente e tipo de articulação afetada. Depois de avaliar esses aspectos, o profissional responsável poderá optar por um tratamento conservador, que é menos invasivo, ou cirúrgico. Em ambos os casos, o objetivo é recolocar a articulação no lugar, eliminar a dor e devolver a mobilidade ao paciente. Conheça abaixo algumas alternativas possíveis:

 

Reposicionamento da articulação

Como as luxações não envolvem fratura nos ossos, na maioria das vezes, é possível reposicionar a articulação deslocada com algumas manobras realizadas por um profissional de saúde. Dependendo da avaliação profissional, anestesias locais ou gerais podem ser utilizadas para aliviar a dor ou relaxar os músculos que envolvem a articulação afetada.

É importante destacar que essas manobras não devem ser realizadas em casa, pois os tecidos e vasos que revestem a articulação podem ser prejudicados, aumentando a gravidade do caso.

 

Imobilização

Como o pé é uma área que recebe impactos constantemente, depois de reposicionar a articulação afetada, o profissional responsável pode imobilizar o local com talas, tipóias ou gesso, para evitar a movimentação durante o processo de recuperação.

 

Uso de medicamentos

Geralmente, o alívio da dor é imediato depois de reposicionar a articulação – aquela sensação de tirar a dor “com a mão”. Mas, se o incômodo persistir, anti-inflamatórios, analgésicos e relaxantes musculares podem ser prescritos. Lembre-se de nunca se medicar sem a orientação de um profissional!

 

Cirurgia

Quando não é possível tratar a luxação no pé recolocando a articulação no local adequado por meio da manipulação, o profissional responsável pode optar por realizar uma cirurgia de correção. Nesses casos, é possível que nervos, ligamentos, músculos, tendões e vasos tenham sido afetados.

 

Sessões de fisioterapia

As sessões de fisioterapia podem ser recomendadas depois da manipulação da articulação ou após a cirurgia de correção. Na maioria dos casos, essas sessões são essenciais para devolver a mobilidade completa e restaurar a amplitude de movimento.

 

Tratamento da doença primária

Se a luxação no pé estiver relacionada a um problema primário, como a artrite reumatóide, será necessário tratar essa questão para que a lesão não volte a aparecer. Infelizmente, ainda não há cura para a doença usada como exemplo, mas há remédios e tratamentos disponíveis que ajudam a retardar a sua progressão e a melhorar a qualidade de vida do paciente.

Nesses casos, reduzir a pressão sobre os membros inferiores é essencial para proteger as articulações e evitar um novo deslocamento. Para isso, o profissional poderá recomendar o uso de órteses de posicionamento da pisada em neutro.

 

Como as palmilhas Pés Sem Dor podem auxiliar em luxações por artrite reumatóide?

As palmilhas sob medida Pés Sem Dor são confeccionadas para redistribuir adequadamente as pressões plantares, retirando o excesso de carga sobre os ligamentos que sustentam as articulações dos membros inferiores. Elas possuem apoio no arco plantar e cunhas laterais que evitam desvios em valgo, aumentando a estabilidade e protegendo os tornozelos de torções que possam provocar o deslocamento da articulação.

Para adquirir sua palmilha sob medida, ligue para o telefone 4003-8883 – ou clique aqui e agende sua avaliação gratuita com um de nossos especialistas!

 

Perguntas frequentes

Posso tratar luxação no pé em casa?

Não. Ao tentar recolocar a articulação deslocada no lugar por conta própria, é possível que os tecidos que envolvem o pé sejam lesionados, piorando a gravidade da lesão. O ideal, assim que perceber o problema, é procurar a ajuda de um profissional de saúde.

 

O que acontece se eu não tratar a luxação?

Sem o tratamento adequado, as complicações da luxação no pé podem piorar, aumentando as dores e as chances de perda de mobilidade da articulação lesionada.

 

Qual é a diferença entre fratura e luxação no pé?

Uma fratura caracteriza-se pelo interrompimento da continuidade do tecido ósseo, parcial ou total – ou seja, o osso está quebrado. Já no caso da luxação, o osso não foi afetado, mas a articulação encontra-se deslocada de seu local de origem.

 

Fontes

https://citogenetica.ufes.br/sites/nupea.saomateus.ufes.br/files/field/anexo/resumo_sistema_articular.pdf

https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/fratura-luxacao-tarsometatarsiana.pdf

https://www.scielo.br/j/rbort/a/z7QqhDG5sdrBmc9k8LqnjXK/?format=pdf&lang=pt

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/tecnico_orteses_proteses_livro_texto.pdf

Mateus Martinez
Mateus Martinez
Atualmente é diretor de fisioterapia da Pés Sem Dor. É mestre em fisioterapia esportiva pela The University of Queensland, Austrália (2015). Especialista em Dry Needling (agulhamento a seco) pela Combined Physio Austrália. Graduado em fisioterapia na USP - Universidade de São Paulo (2011). É professor convidado da pós-graduação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Foi fisioterapeuta da equipe Vôlei Brasil Kirin (2013) e Medley Campinas (2011-2013). Foi professor de anatomia e patologia básica para curso técnico de radiologia da Escola Profissionalizante CETEP (2012-2013). É co-autor de 6 estudos sobre saúde dos pés, possui mais de 170 artigos escritos sobre saúde dos pés no site da Pés Sem Dor e é criador de conteúdo no canal do Youtube da Pés Sem Dor, onde fala sobre saúde, bem estar e dores nos pés, tornozelos e joelhos para +160 mil inscritos. Profissional com registro no crefito: 162983-F
Postagens Recomendadas
Agende sua avaliação gratuita