Por fim foram caracterizados os pés dos trabalhadores quanto ao número de calçado, volume e tipo dos pés e presença de deformidades. Isso, com o objetivo de entender suas relações com as dores.

Número do calçado

Foi perguntada a numeração do calçado dos respondentes e encontrou-se que para os homens a numeração mais utilizada é de 38 a 44, estes 7 tamanhos correspondem a 95,1% da amostra. Para as mulheres, os tamanhos mais utilizados são de 34 a 39, estes 6 tamanhos correspondem a 95,5% da população.

Volume do pé e largura do calçado

Uma característica importante dos pés é o volume e largura. Foi evidenciado que aproximadamente 20% das pessoas tem pés classificados como robustos e mais que um quarto das pessoas relata que a larguras dos calçados não se adéqua a largura de seus pés. Ou seja, mesmo aqueles que consideram que seus pés são normais, às vezes tem problema em achar um calçado que tenha uma largura ideal.

Daqueles que responderam que têm problema em achar calçados com largura boa para seus pés, 85% disse que os pés são mais largos que os calçados e 15% que os pés são mais finos.

Esses dados realçam um grande problema que os brasileiros têm em encontrar um calçado ideal, principalmente aqueles que têm pés mais largos e robustos. Isso se dá pelo fato das empresas calçadistas do Brasil não venderem calçados com diferentes larguras, como feito nos EUA, por exemplo.

Tipo de pé

Realizando um estudo com o tipo de pé e a relação com nível de dores e tempo em pé ou andando, foi visto que as pessoas com pés chato tem mais dor que as pessoas com pé cavo, que por sua vez tem mais dores do que aqueles com pés normais (para pessoas que passam 6 horas ou mais em pé).

Quando estabelecida esta comparação com pessoas que passam até 2 horas em pé, nota-se que o tipo de pé que apresentou maior nível de dores nesta situação foi o cavo, e que, de forma geral a intensidade de dores diminui significativamente.

Analisando a população com pés chatos e muito chatos, percebe-se que a intensidade de dores cai pela metade quando estas pessoas passam mais tempo sentadas do que andando. Esta análise permite concluir que pessoas com pés chatos e muito chatos (1/5 da população) são as que mais sofrem com dores nos pés por terem que passar longas jornadas em pé ou andando.

Formato dos dedos

Os trabalhadores responderam qual o formato dos seus dedos entre 5 diferentes tipos. As respostas apontaram uma grande maioria para o pé tipo egípcio e em segundo lugar o pé romano e grego.
 
O pé grego tem o segundo dedo maior que o primeiro dedo (“dedão”) e por vezes essa característica é relacionada com outros problemas nos pés. Todavia essa pesquisa não identificou qualquer relação desse tipo de pé com dores ou outros problemas.

Presença de joanete

Uma alteração comum nos pés é o joanete. Em uma classificação de 1 a 5 como na figura abaixo as pessoas classificaram seu joanete. Foi visto que mais da metade das mulheres e 30% dos homens tem algum grau dessa deformidade. Além disso, os graus mais severos (3 e 4) são aproximadamente 3 vezes mais comuns em mulheres.

Uma relação muito importante encontrada para o joanete, foi com a intensidade de dor nos pés. Quanto mais alto o grau do joanete, maior o nível de dor que a pessoa sente, como pode ser visto no gráfico abaixo.

Interessantemente, quando analisada a dor e o grau de joanete para o grupo de pessoas que passa 6 horas ou mais em pé, encontrou-se intensidade de dor ainda maior e com a mesma tendência.

Dedos em garra e dedos sobrepostos

Os dedos dos pés podem ter o formato de garra ou estarem sobrepostos e isso pode causar problemas aos pés. Portanto, foi investigada a relação dessas variáveis com dores e calos.

Da amostra, 15% disseram ter dedos em garra e 20% dedos sobrepostos. Daqueles com dedo em garra 63% tem calos e daqueles com dedos sobrepostos 57%. Mais que isso, para dedos em garra, 97% de todos que tem esse problema apresentam alguma dor nos pés e para dedos sobrepostos, 96%.

Diferença de membros

Um quarto da população relata ter diferença de membros inferiores (uma perna mais curta que a outra). No entanto, não foi encontrada relação dessa diferença com as dores.

Diabetes e Neuropatia

Apenas 5% dos respondentes reportaram ter diabetes, o que está um pouco abaixo da média da população brasileira que é de aproximadamente 8%.

Essa população de diabéticos do estudo mostrou ter uma alta relação com a idade. Quanto mais avançada a idade, maior o índice de diabetes. Isto está relacionado com o diabetes tipo II que se desenvolve ao longo da vida das pessoas devido a influência genética e comportamental das pessoas.
 
Além da diabetes as pessoas responderam se tinham neuropatia (perda de sensibilidade nos pés) e 7% delas disseram que tinham perda de sensibilidade. E assim como para o diabetes foi visto que a porcentagem de pessoas com neuropatia aumenta com a idade.

A neuropatia pode acontecer como consequência da diabetes, ou por qualquer outra doença ou lesão nos nervos periféricos. Portanto, o dado de 7% da população relatando neuropatia deve ser levado em consideração como um número importante, pois são pessoas que tem risco de ter lesões e úlceras nos pés e então precisam de cuidado e atenção especial.

Clique nos links abaixo para saber mais detalhes sobre a pesquisa “O trabalho e a relação com os pés, tornozelos e joelhos”.

Características dos trabalhadores do estudo

Características do trabalho

Problemas nos pés causados pelo trabalho- Calos e outras complicações

Problemas nos pés causados pelo trabalho- Dores

Consequências econômicas do tempo em pé e as dores

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